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Servidores relatam angústia em hospitais

Na linha de frente no combate ao novo coronavírus (covid-19), profissionais de saúde são tidos como os heróis de jaleco, mas, nem por isso, deixam de compor as estatísticas de casos confirmados da doença. De uma crise de tosse, passando pela internação na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) até o diagnóstico de cura, servidoras que atuam na saúde local e que foram infectadas pela covid-19 contam como é trocar de lado e se tornar paciente. Relembram momentos de extrema preocupação e citam a necessidade da responsabilidade social, afirmando que o pior ainda está por vir, já que a população ainda se mostra desacreditada quanto à potencialidade do vírus que desafia estudiosos de todo o mundo.

Cuidando de pessoas há quase 3 décadas, a enfermeira que preferiu não se identificar foi a segunda profissional da saúde em Mato Grosso a ser diagnosticada como o novo coronavírus. Conta que tudo aconteceu muito rápido. No primeiro dia de isolamento social estipulado pela Prefeitura de Cuiabá, em 23 de março, ela começou a ter crises de tosse contínuas. Havia 4 dias que a Secretaria de Estado de Saúde (SES) tinha confirmado o primeiro caso da doença em Mato Grosso e, ainda assim, a servidora não queria acreditar que seria mais uma vítima da patologia.


“Já estávamos tomando cuidados redobrados no nosso ambiente de trabalho. Luvas, máscaras e álcool em gel passaram a fazer parte constante do nosso dia a dia. Até mesmo o refeitório que preparava a nossa alimentação dentro da unidade passou a usar pratos e talheres descartáveis. Tomei todo o cuidado recomendado, mas, ainda assim, não foi suficiente”, descreve.

A tosse seca persistia acompanhada de febre e, na quarta-feira, 25 de março, a enfermeira começou a apresentar dores abdominais, seguidas de diarreia. Já eram 4 sintomas que apontavam para a presença do vírus em seu organismo. Apesar de atuar na rede pública de saúde do Estado e da Capital, ela optou por buscar ajuda em um hospital particular, já que possui convênio médico. Ligou no 0800 disponibilizado para atendimento prévio em caso de suspeita da doença. Em conversa com um médico, foi informada que provavelmente estaria infectada, mas, para diagnóstico preciso, teria que passar pelo exame clínico e laboratorial. “Nesse meio tempo, recebi a notícia de que um colega havia testado positivo para o coronavírus e o estado era grave. Tanto que foi direto para a internação”.

A servidora foi para o Pronto-atendimento (PA) do hospital particular e, da classificação, passou para o isolamento. Mesmo ainda não tendo a confirmação de que estava com a covid-19, todo o atendimento dado a ela foi o mesmo destinado a uma pessoa infectada com o vírus. A unidade estava sem exame rápido para o coronavírus, por isso ela passou por outros exames, como hemograma, tomografia e de H1N1. Este último deu negativo, o que reforçou a possibilidade de covid19. A tomografia, por sua vez, apontou infecção no pulmão.

Foi coletado material que passou por avaliação e confirmou a presença do vírus no organismo da enfermeira. Do dia 27 a 31 de março, ela ficou internada em isolamento. E, desse último dia até o dia 4 de abril, ela ficou na UTI. “Fiquei com medo de ir para o respirador. Me concentrava para não ficar mais nervosa e comprometer ainda mais a minha respiração. Não queria ser entubada. Tudo ocorreu bem e, no dia 9, eu fui para casa”.

FONTE GAZETA DIGITAL