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"Saio de casa para atender, mas com medo do vírus", diz médico

 

O cirurgião pediatra Osvaldo César Pinto Mendes, que atua nas redes pública e privada de Cuiabá, confessa estar temeroso em realizar os atendimentos de rotina devido a pandemia do novo coronavírus.


Segundo o médico, apesar de seguir todo o protocolo que um profissional de saúde deve seguir, a falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) como máscaras, capote e óculos de proteção, pode incorrer em risco de contágio do novo vírus.

 

“Estou saindo para atender dois pacientes em um hospital público, e um paciente na rede privada, e vou morrendo de medo. Já comprei minha máscara. Mas não tenho óculos de proteção, capote, escafandro. Até o começo de junho vamos sofrer isso”, disse o médico ao MidiaNews.


“A gente vai trabalhar com máscara, gorro e com Deus olhando por nós. Nesse momento, em que trabalharemos diretamente com pacientes, independente de ele estar infectado ou não, vamos ter maior risco de infecção. Pois não tem material de proteção em hospital nenhum de Cuiabá, nem no público nem no privado”, afirmou.

A gente vai trabalhar com máscara, gorro e com Deus olhando por nós. Nesse momento, em que trabalharemos diretamente com pacientes, independente de ele estar infectado ou não, vamos ter maior risco de infecção

O Conselho Regional de Medicina (CRM) também denunciou, em coletiva realizada esta semana a falta de EPI aos profissionais da rede pública da Capital.

 

Possíveis vetores

O médico alertou que, assim como toda população, se infectados os médicos se tornam vetores (transmissores) da doença.


“Potencialmente somos transmissores. Os profissionais de saúde podem ser contaminados. Se os profissionais não se precaverem vamos ter sim casos entre nós”, afirmou


“Nós vamos mexer dentro do foco onde tem aglomeração. Como você vai evitar uma aglomeração dentro de um hospital? Como vai manter a distância de um metro e meio de um paciente? Você é um potencial transmissor. Lógico que temos consciência do que fazer para se prevenir, mas temos que se precaver também”, alertou.

 

Estrutura na saúde

Osvaldo Mendes, que atua a mais de 40 anos como profissional de saúde, ainda alertou que as unidades de saúde não têm infraestrutura para receber a quantidade de casos que devem surgir do novo vírus.


Por isso, o médico endossa a importância do isolamento social, da higienização correta das mãos e da chamada “etiqueta respiratória”.


“Não estamos preparados. Eu nem quero pensar nisso. Não temos estrutura, nem leitos suficientes. É por isso que essas medidas como suspender cirurgias eletivas têm que ser feitas para efetivamente ter leitos suficientes”.

 

Subnotificação

O último boletim da Secretaria de Estado de Saúde apontou 73 casos suspeitos da doença no Estado.


Mendes revelou que, conforme vem estudando, daqui a aproximadamente um mês não deverá mais haver testes suficientes para detecção do Covid-19 para todos.


“Não tem teste. Daqui 30 dias não precisará de teste mais. As pessoas com qualquer sintoma de virose serão tratadas como contaminadas com Covid-19”.

 

Precaução


A SES recomenda que as pessoas adotem a chamada “etiqueta respiratória”. Lavar as mãos frequentemente com água e sabão por pelo menos 20 segundos. E caso não haja, usar álcool em gel 70%.


Outras dicas são evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas; evitar contato próximo com pessoas doentes; ficar em casa quando estiver doente; cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar com um lenço de papel e jogar no lixo; limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com frequência.