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NOTA DE REPÚDIO

NOTA DE REPÚDIO

As entidades médicas de Mato Grosso - Conselho Regional de Medicina do Estado de Mato Grosso, Sindicato dos Médicos do Estado de Mato Grosso e a Associação Médica de Mato Grosso, vêm tornar público seu REPÚDIO VEEMENTE e EXIGIR RETRATAÇÃO às declarações do Deputado Estadual Gilmar Fabris que na data de ontem (24/05) classificou como “mentiroso” o diretor-técnico do Hospital Regional de Sorriso – Dr. Roberto Satoshi Yoshida, médico que nesta semana concedeu uma entrevista emocionada falando da situação caótica daquele estabelecimento médico.
Com efeito, não é a primeira oportunidade em que a sociedade se depara com condutas do deputado Gilmar Fabris que configuram, cristalinamente, “quebra de decoro parlamentar” ofendendo os trabalhadores, servidores públicos, e, na oportunidade, os médicos como um todo. Também não é novidade que, por mais uma vez, o Governo, e, nesta oportunidade, o parlamentar, tentam repassar o ônus da ineficiência do Estado para os trabalhadores. 
As lágrimas do Dr. Roberto Satoshi representa o desabafo de toda a classe médica mato-grossense, que para poder levar atendimento para a população precisa diariamente enfrentar a falta de estrutura física dos estabelecimentos de saúde, a ausência de insumos básicos e de medicamentos essenciais, o atraso de salários e todas as demais consequências do sucateamento do Sistema Único de Saúde do Estado de Mato Grosso.
Em que pese o deputado ter a obrigação de exercer seu controle externo de fiscalização e combater as irregularidades do Poder Executivo, o próprio deputado Gilmar Fabris afirma não conhecer a realidade do hospital de Sorriso e certamente não conhece a dos outros Hospitais Regionais do Estado que há muito tempo sofrem com a má gestão dos serviços públicos.
Diariamente a sociedade tem se deparado com notícias de ausência de repasses do Governo de Mato Grosso para os hospitais regionais, sendo, na data em que se publica esta nota, o valor de 162 milhões de reais o déficit nos repasses aos municípios e hospitais regionais do estado de Mato Grosso. O déficit é por pura ineficiência do Estado que se exime de suas obrigações de cumprir as dotações orçamentárias com fidedignidade aos cidadãos, e empregar o dinheiro público nas prioridades estatais, cujo dever tem previsão na Constituição Federal da República.
Por sua vez, os argumentos de que faltam recursos para garantir a saúde dos cidadãos, obrigação primeira do estado, não se sustenta, mormente ante ao conhecimento de que recursos milionários são gastos com obras de prioridade secundária e que demonstram uma opção política da gestão para desguarnecer a saúde pública. 
Não obstante, o deputado Gilmar Fabris, ao invés de exercer seu controle externo de fiscalização de parlamentar frente ao Executivo, impedindo o sucateamento e fechamento das unidades de saúde, opta por ofender a honra dos médicos, ao proferir injúrias em face do médico Dr. Roberto Satoshi sem conhecimento de causa. 
Ressaltamos que o médico em questão agiu nos exatos termos do seu Código de Ética, o qual dispõe no Capítulo II, incisos III e IV, que é direito do médico: III - Apontar falhas em normas, contratos e práticas internas das instituições em que trabalhe quando as julgar indignas do exercício da profissão ou prejudiciais a si mesmo, ao paciente ou a terceiros, devendo dirigir-se, nesses casos, aos órgãos competentes e, obrigatoriamente, à comissão de ética e ao Conselho Regional de Medicina de sua jurisdição; IV - Recusar-se a exercer sua profissão em instituição pública ou privada onde as condições de trabalho não sejam dignas ou possam prejudicar a própria saúde ou a do paciente, bem como a dos demais profissionais. Nesse caso, comunicará imediatamente sua decisão à comissão de ética e ao Conselho Regional de Medicina.
Nesse sentido, as entidades médicas encorajam todos os profissionais a exercerem suas prerrogativas médicas denunciando as más condições de trabalho a que estão sujeitos para que, em conjunto com toda a sociedade, possam exigir que a Saúde do Mato Grosso seja gerida com mais responsabilidade e eficiência.
Neste ato, as referidas entidades tornam público o fato de que tomarão as medidas necessárias para garantir a permanência das unidades de saúde em funcionamento, empregando as medidas judiciais e administrativas necessárias para que as ofensas lançadas contra os trabalhadores não saiam impunes.
Profissionais médicos, não se calem! As entidades médicas apoiarão todos os profissionais que denunciarem as condições indignas de trabalho e não aceitarão atitudes, que de qualquer modo, violem as prerrogativas médicas, e os direitos constitucionais dos cidadãos de receberem uma saúde pública de qualidade.

Cuiabá-MT, 25 de maio de 2017.

CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO ESTADO DE MATO GROSSO

SINDICATO DOS MÉDICOS DO ESTADO DE MATO GROSSO

ASSOCIAÇÃO MÉDICA DE MATO GROSSO