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Demitido, médico denuncia irregularidades em hospital

 

Falta de medicação, fios espalhados, goteira, fraude em auditorias e cobrança indevida são algumas das denúncias feitas pelo médico clínico geral, Wagner Miranda Jr, contra o Santa Rita Hospital e Maternidade, em Alta Floresta. Com base no depoimento prestado no dia 12 de abril e em notícias veiculadas na mídia, o Ministério Público Estadual (MPE) e Polícia Civil abriram investigação contra a unidade de saúde.
 
No início do mês, o hospital havia sido alvo de denúncias por conta do valor abusivo cobrado aos familiares de pacientes que precisavam de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Conforme já noticiado pelo , eles cobravam R$ 10 mil para reservar o leito e mais calção de R$ 100 mil referentes a 5 diárias.

“São muitas irregularidades ao meu ver. Eles cobram tantos mil para internar hospital. Falta humanidade. O hospital é do meu tio, o médico Marcelo Vinicius Miranda, e eu o admiro muito. Devo a ele muito por me tornar médico. Mas um coisa é tio e outra coisa é médico. Eu sou médico e sou mais coração do que razão. Para mim falta humanidade”, relatou o médico ao promotor de Justiça Luciano Martins da Silva.

Além da cobrança indevida, o profissional relata que o hospital abre mais leitos do que pode atender. Faltam profissionais e estão colocando estudantes de medicina para atender como médicos formados.

Além disso, na ânsia de abrir mais UTIs estão retirando equipamentos de um local para colocar em outro a ser inaugurado. Wagner cita, como exemplo, ventiladores para respiração dos pacientes, que foram retirados da UTI 3 e colocados na UTI 4. “Assim quando a auditoria passa está tudo certo e eles podem abrir, porque ninguém vai olhar a UTI 3, por exemplo”, explica.

De acordo com o médico, atualmente o hospital tem 15 UTIs mantidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e 15 particulares. Wagner Miranda trabalhou no hospital de dezembro de 2020 a abril de 2021, quando foi demitido “por reclamar demais”. Até março, ele estava atendendo em leitos covid-19.

“Sei que não é fácil montar UTI de um dia para o outro, mas era fio espalhado para todo lado. A gente literalmente andava sobre fios. Uma vez choveu, tinha buraco no teto, caiu água e deu choque no paciente. Fora que acabou luz”, relatou. Apensar da descarga elétrica, o doente não teve danos graves.

No depoimento, ele relata que falta medicação para sedação dos pacientes a serem intubados. “Eles esperam acabar para comprar”. Não tem impressora, computador.

O médico ainda conta que deixou familiares visitarem doentes na UTI covid. “Talvez eu esteja errado, mas a gente nunca sabe quando vai ser o último dia de cada um”, contou.

No dia da demissão, o médico relatou que tinha reclamado, mais uma vez, da falta de material e porque tinham encaminhado a ele pacientes sem aviso prévio. Logo em seguida, a diretora do hospital o demitiu e mandou sair da unidade.

“Eu disse que não ia sair. Era responsável por aqueles pacientes”, contou. Após conversa com outro médico, ele deixou a unidade e procurou a prefeitura para relatar o ocorrido.

Após o depoimento, o promotor encaminhou ofício à delegacia de Polícia Civil requisitando a investigação. A oitiva do médico foi anexada ao pedido.

“Instauração de Inquérito Policial para apurar os supostos crimes previstos no art. 135-A e 282, do Código Penal, consistentes em exigência de caução antecipada em caso de urgência para internação de UTI e exercício ilegal da medicina”, diz trecho do documento.

Outro lado
O hospital foi procurado por meio dos telefones disponíveis e redes sociais, mas não encaminhou resposta.

Fonte Gazeta Digital