Covid-19 matou mais educadores que enfermeiros
Mato Grosso perdeu mais profissionais da educação para a covid-19 do que enfermeiros. Até a manhã desta sexta-feira (9), 79 pessoas da classe suas vidas para a doença, enquanto 51 enfermeiros, técnicos e auxiliares em enfermagem morreram. Os dados são do Conselho Regional de Enfermagem de Mato Grosso (Coren-MT) e Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT).
A maioria das mortes registradas entre profissionais da Educação em 2020 teve como alvo aposentados. Neste ano, porém, é cada vez maior o número de educadores jovens e adultos que estão sucumbindo à covid-19.
"Essas mortes foram causadas por irresponsabilidade dos gestores que, no início, obrigaram os profissionais a cumprirem suas jornadas em plantões pedagógicos, retomaram as aulas presenciais em algumas cidades e obrigaram a volta ao ambiente escolar em meio ao pico da pandemia", comentou Valdeir Pereira, presidente do Sintep.
Nesta sexta-feira (9), Eunice Aparecida Campos de Souza, 63 anos, lotada na EMEB José Luis Borges Garcia, faleceu por complicações da covid-19. A professora era esposa do escritor e jornalista João-Bosquo, que também morreu por complicações da doença, três dias antes da mulher.
Valdeir criticou a negligência dos governos estadual e federal no trato com a pandemia, principalmente quanto à falta de medidas efetivas para evitar a proliferação do vírus e para garantir as vacinas. “Eles não tratam os profissionais da educação como prioridade", lamentou.
Em março, Mariuza Pereira Mota, 63 anos, professora lotada na Escola Estadual Heliodoro Capistrano da Silva, no bairro Parque Cuiabá, estava em teletrabalho e morreu em decorrência da covid-19. Também no mesmo mês, Victor Hugo Barbiero, professor na Escola Estadual Alfredo José da Silva, em Barra do Bugres, faleceu por complicações da doença.
As aulas presenciais foram suspensas em março do ano passado e o sindicato continua defendendo que não sejam retomadas enquanto a população não estiver vacinada. “As escolas devem permanecer fechadas até a vacinação. Qualquer retorno de atividade neste momento significa colocar todo o grupo escolar em risco”, afirmou.
LINHA DE FRENTE - Ao todo, 102 profissionais da saúde - contabilizando outras áreas além dos ramos da enfermagem - perderam suas vidas no estado, sendo 50 mulheres e 52 homens, conforme dados do Painel Covid-19 em Mato Grosso atualizado na última quinta-feira (8) pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-MT). Destes, 28 eram médicos e 51 trabalhavam na enfermagem.
SEGURANÇA PÚBLICA – Outra categoria essencial, os profissionais da Segurança Pública também acumulam perdas em suas fileiras. Dados da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp-MT) apontam que 14 policiais militares, 9 policiais civis, 4 bombeiros e 13 policiais penais perderam suas vidas em decorrência da covid-19 no último ano.
A Sesp afirma que tem fornecido equipamentos de proteção individual (EPIs), como máscara de proteção, álcool em gel, entre outros, além do reforço constante sobre a importância das medidas de prevenção. Apesar disso, a própria natureza do trabalho põe os profissionais na zona de risco, já que é inevitável o contato físico durante as fiscalizações de aglomerações ou prisões de bandidos.
"No caso do Sistema Penitenciário, especificamente, foram providenciados locais para isolamento de pessoas presas, durante 14 dias, conforme recomendação da OMS, a fim de observar qualquer possível sintoma, para só depois incluí-las no convívio com os demais. É uma medida que previne o contágio não só entre recuperandos, mas entre servidores também. Também são disponibilizados testes rápidos, dentro da disponibilidade obtida junto à SES-MT e outros órgãos parceiros, visando à detecção precoce da doença", disse a Sesp, em nota.
FONTE ESTADÃO MATO GROSSO